RELATO SOBRE O ENCONTRO DAS ENTIDADES DO SUL
Curitiba, 11 de julho de 2012
Participantes:
Nome / Órgão/entidade
Glauber Piva / ANCINE
Renato de Melo Viana / BRDE
Rodrigo A. Camargo / ANCINE
Matheus Munhoz / BRDE
Daniel V. Mattos / ANCINE
Vera Carvalho / BRDE
Armando Castro Filho / ANCINE
Maurício Mocelin / BRDE
Marcos A. Cordiolli / ANCINE
Letícia Restano / BRDE
Ralf Cabral Tambke / SANTACINE
Lisiane Astarita / BRDE
Salete Sirino / AVEC-PR
Paulo R. Munhoz / SIAPAR
Jaime Lerner / FUNDACINE / APTC/ABD-RS
Rodrigo R. M. Martins / SIAPAR
Fernando Severo / Diretor do MIS/PR, representando a Secretaria de Cultura – PR
Relato:
Foi realizada reunião no dia 11 de julho de 2012, das 14h às 17h, no escritório do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE, localizado na cidade de Curitiba/PR, em decorrência do protocolo de cooperação celebrado entre a ANCINE e o BRDE, visando a constituição de Programa de Desenvolvimento Audiovisual para a Região Sul.
A reunião deu seqüência às discussões iniciadas em 31 de maio de 2012, em reunião entre representantes da ANCINE e do BRDE, ocorrida na sede do banco na cidade de Porto Alegre/RS, integrando na presente ocasião, representantes das entidades do setor audiovisual nos Estados da região Sul do país.
A pauta da reunião estabelecia os seguintes pontos para discussão:
1) Apresentação do Protocolo de Cooperação celebrado entre a ANCINE e o BRDE para elaboração do Programa de Desenvolvimento Audiovisual (PPD) para a Região Sul;
– Objetivos e assuntos;
– Disciplinas;
– Procedimentos;
– Cronograma;
2) Exemplos de Modalidades de operação e financiamento
3) Apresentação do mapeamento elaborado pela Ancine e BRDE sobre as instituições e empresas localizadas na região Sul e suas atividades.
4) Apresentação de modelo de roteiro de perguntas para empresas do setor.
5) Definição dos atores, funções e atribuições;
6) Discussão sobre as prioridades, diretrizes e linhas de ação do PPD-Sul;
A reunião foi aberta pelo presidente do BRDE, dr. Renato de Mello Vianna, que explanou sobre a participação do BRDE e a importância do audiovisual para a região Sul. Em seguida, o diretor da ANCINE Glauber Piva destacou em sua fala a atual conjuntura do setor audiovisual à luz da Lei 12.485/11.
Após a abertura, foi iniciada a apresentação do (1) Protocolo de cooperação, das (2) possibilidades de modalidades de operação e financiamento e do (3) mapeamento das empresas e instituições da Região Sul, conforme apresentação anexa a esta ata.
Ao longo da apresentação os participantes foram apresentando questionamentos e temas para discussão. Encerrada a apresentação foi aberta a palavra para os representantes das instituições do setor audiovisual.
Buscou-se esclarecer o espírito do programa, sua abordagem sistêmica, o foco em TV e o leque de instrumentos possíveis. Essa abordagem teve boa recepção e os representantes comprometeram-se em fazer sugestões de ações específicas a partir de iniciativas já existentes, além de complementar os dados do diagnóstico e o levantamento de parceiros potenciais.
Os representantes manifestaram preocupação quanto a um possível condicionamento da ação do FSA à parceria com os poderes executivos locais. Há incertezas em relação ao comprometimento dos governos estaduais com o financiamento do setor. O problema seria uma tendência à constante quebra da continuidade dos programas existentes.
I. DESAFIOS E DEMANDAS
Dentre os principais desafios para o desenvolvimento da atividade audiovisual, foram destacados os seguintes segmentos e ações:
A) Desenvolvimento de projetos: Segundo os representantes de classe presentes, a carência na atividade de desenvolvimento de projetos gera uma tendência à coprodução com produtores do eixo SP-RJ e no exterior. Há grande dificuldade de financiar adequadamente a atividade de desenvolvimento.
Desenvolvimento de projetos é uma atividade que, no entendimento do grupo, inclui plano de negócios, desenvolvimento de formatos, formação de produtores executivos, e gestão empresarial, de forma a reunir todas as condições necessárias para a realização e o financiamento do projeto.
Essa atividade pode desenvolver-se através da articulação com os programadores e, nesse ponto, o desafio seria como profissionalizar a atividade de comissionamento (comission editor).
Também foi discutida a necessidade de cursos de roteiro (ex: Argentina – embora tenha curso demais, desembocando muitos roteiristas na atividade além da demanda).
Capacitação – No Paraná, as instituições geraram cursos a partir da própria demanda da atividade de produção (“investimento âncora”). Esse argumento fundamentou argumentação no sentido de que é a continuidade da atividade de produção independente que mantém a motivação e aquecimento dessa atividades complementares, ou seja, de que a produção deveria continuar sendo o foco principal da atividade de fomento.
B) Produção: Além da argumentação da necessidade de indução de demanda para a atividade audiovisual, outro desafio apontado para a produção foi de como realizar a migração de produtos do cinema para TV? De que forma os recursos do Fundo poderiam induzir a produção de TV na região?
Foi apontada ainda a dificuldade de se captar pela Lei do Audiovisual, sendo sugerida uma pesquisa sobre o motivo das empresas da região não aplicarem os recursos em projetos audiovisuais.
Modelo de rentabilização: há dificuldade em rentabilizar um programa para uma emissora. Apresenta-se então o desafio de pensar linhas de investimento retornáveis possivelmente através da venda dos projetos para várias Tvs – criar meios de levar os projetos para outros agentes. Fomentar ações não só para produção, mas para distribuidoras e exibidores (agente) desde a concepção do projeto.
C) exibição/difusão: No segmento de exibição/difusão das obras audiovisuais, apontou-se a dificuldade de envolver programadores e principalmente emissoras na proposta devido à resistência histórica destas à produção independente e sua subordinação à cabeça de rede.
Citada como a única TV que tem mostrado disposição para exibição de produção independente (como a exibição de curtas), a RBS teria uma posição rígida como a matriz (Tv Globo) em relação à gestão de direitos sobre as obras e seus elementos derivados. Uma alternativa seria aumentar o peso da participação da TV pública e induzir outras emissoras a participar do Programa.
Em relação à RBS de Santa Catarina, chamou-se atenção para o fato de que, excetuando-se a programação que vem da TV Globo, o segundo, terceiro e quarto programas mais assistidos são produções catarinenses, o que demonstraria que o público da região constitui uma reserva de demanda reprimida por produção independente local.
Na área de exibição cinematográfica, alertou-se para a fragilidade do parque exibidor na região Sul. Foi lembrado pelos representantes da Ancine que dentro do Programa Cinema Perto de Você, há o eixo do Projeto Cinema da Cidade, que poderia atuar no apoio à estruturação de salas de cinema em municípios de até 100.000 habitantes.
Seria positivo convencer as emissoras/programadores do potencial de retorno financeiro (audiência/publicidade) com a produção independente.
D) Consumo – Discutiu-se a força do mercado consumidor de produtos audiovisuais na região, que seria forte, mas consome produtos estrangeiros. Como desafio foi colocada questão de como fomentar o consumo local da produção também local.
Foi apontada ainda a falta de verba para mídia e divulgação – dificuldade em formar platéias.
E) Coprodução internacional: Foi relatada grande dificuldade em concretizar co-produções internacionais bem-sucedidas devido a diversos fatores dentre os quais está a assimetria de informação (como verificar a idoneidade dos parceiros estrangeiros) e a crise econômica européia, que leva o co-produtores europeus a apropiar-se da maior parte do excedente produzido pelo acordo.
Não há “escala” de produção que sustente a alta exigência de recursos para advogados, viagens, etc, para investimento em coproduções, pois estas operações são custosas em burocracia e questões jurídicas.
Uma alternativa seria fomentar encontros entre potenciais co-produtores e a criação de laboratórios de coprodução, seguindo exemplo do que ocorre durante o festival FAM/SC
II. OUTRAS AÇÕES SUGERIDAS
De forma geral, foi apontada a necessidade da construção de ações consistentes/estruturantes, que possuam um impacto multiplicador nas diversas etapas da cadeia econômica, em contraposição à pulverização de pequenas ações, e que permitam criar linhas independentes do financiamento estadual.
Além das ações de capacitação e desenvolvimento e de uma grande ação estruturante que procure estimular a produção, articulada com o elo de exibição, foram sugeridas outras ações, tais como:
a) laboratório avançado de capacitação com as TVs públicas:
– o que é um formato, como registrar
– o que é uma bíblia (animação)
b) edital de pilotos – Uma vez que é característico nesse mercado que se produzam diversos para que apenas uma parte vire séries efetivamente produzidas.
c) Projetos multiplataformas – Frisou-se a necessidade de desenvolver programadores locais para criar um mercado comprador de produção independente que tenha um modelo econômico diferente das emissoras e programadoras dominantes hoje.
SAPIENS-SC – Esse programa foi citado como exemplo de modelo de desenvolvimento de projetos para a inovação que poderia beneficiar-se de uma ação do Fundo para adaptar suas atividades ao audivovisual. Da mesma forma, citou-se o programa TECNA – Centro Tecnológico Audiovisual do RS (PUC-RS) como um polo potencial de inovação.
III. TAREFAS
a) Complementar o mapeamento das empresas do setor audiovisual localizadas na região Sul;
b) Mapear os pólos e arranjos produtivos locais;
c) Iniciar a prospecção junto às emissoras e programadoras de TV da região (identificação empresas / programas independentes existentes / demanda programação / recursos disponíveis);
d) Iniciar diálogo com governos estaduais e municipais (histórico de programas e ações: editais / leis / recursos orçamentários);
e) Aplicação de formulário – Será reavaliado o modelo de formulário em função do levantamento já realizado pela Fundacine/RS.
Estabeleceu-se, a princípio, a data de 6 de agosto de 2012 para a realização de uma nova reunião do Grupo de Trabalho, em Porto Alegre/RS. Desta forma, as tarefas elencadas acima devem ser realizadas no período entre 16 de julho e 3 de agosto.
Curitiba, 11 de julho de 2012.
Responsáveis pela elaboração da ATA:
Daniel Mattos / Rodrigo Camargo
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QUESTIONÁRIO – EMPRESAS PRODUTORAS AUDIOVISUAIS
Questionário facultativo às empresas produtoras do setor audiovisual da região Sul do país, para fins de mapeamento da produção atual, das fontes de financiamento locais e das demandas do setor.
1 – DADOS DA EMPRESA
Razão Social:
CNPJ:
Registro na Ancine:
Nível de Classificação na Ancine, caso possua:
Cidade/UF (Sede):
Possui Filiais? ( ) Sim ( ) Não
Em que locais? (Cidade/UF)
Data da fundação:
Responsável pelas informações/cargo:
Ramo de Atividade
Segmento / % do faturamento (aproximado)
( ) cinema
( ) TV
( ) publicidade
( ) institucional
( ) outros: __________
2 – DADOS CORPORATIVOS
Em relação à indústria audiovisual local, aponte os principais desafios encontrados por sua empresa:
( ) Equipamento Técnico
( ) Capacitação Artística
( ) Capacitação Técnica
( ) Capacitação Empresarial
( ) Recursos financeiros
( ) Custo local produção
( ) Distribuição do conteúdo produzido
( ) Contatos internacionais
( ) Contatos nacionais
( ) Desenvolvimento e Formatação de Projetos
( ) Parceria com a televisão
( ) Outros: __________
Quais temas gostaria que fossem abordados em ações de capacitação?
( ) Gestão empresarial
( ) Modelos de negócio
( ) Legislação/Regulamentação audiovisual
( ) Formatação de Projetos
( ) Desenvolvimento de roteiros
( ) Produção para televisão
( ) Fontes de financiamento (incluindo FSA)
( ) outras: __________
3 – DADOS SOBRE O FINANCIAMENTO À PRODUÇÃO LOCAL
3.1 Fomento Federal
Já realizou projetos por meio de mecanismos de fomento federais?
A captação de recursos ocorreu por quais mecanismos?
( ) FSA
( ) Editais Ancine
( ) Editais MinC
( ) Lei do Audiovisual
( ) Lei Rouanet
( ) Art. 39 – MP 2.228/01
( ) Funcines
( ) Outros: __________
3.2 Financiamento – Estadual e municipal
Apoio obtido junto à financiamentos estaduais e municipais
Ano / Qtd. projetos / R$
Estaduais / UF: Leis / Editais
Municipais / Cidade: Leis / Editais
3.3 Financiamento/Licenciamento – TVs locais
TV (emissora/programadora) / Ano / Produção / Qtd. projetos / Orçamento total (R$) / Financiamento à produção TV (R$) / Licenciamento TV (R$)
4 – CURRÍCULO COMPLETO (últimos 10 anos)
O currículo poderá ser enviado em outro modelo, sendo importante constar o número do CPB ou CRT das obras produzidas.
4.1 – Obras produzidas
Título / CPB / CRT / Destinação (cinema/TV/outras Mídias) / Formato / Gênero / Duração total / Capítulos (caso obra seriada) / Distribuidora ou TV / Ano produção / Ano exibição / Orçamento executado / Captação efetivada – Estadual/Municipal / Edital / Lei / Recursos TV
4.2 – Projetos em andamento
Título / Destinação (cinema/TV/outras Mídias) / Formato / Gênero / Duração total / Capítulos (caso obra seriada) / Distribuidora ou TV / Ano produção (previsto ou realizado) / Ano exibição (previsto) / Orçamento previsto / Captação efetivada – Estadual/Municipal / Edital / Lei / Recursos TV