Prévia: Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios
por Jéssica Balbuena
A adaptação do romance homônimo Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios estreia dia 20 de abril, mas já anda arrebatando nas sessões fechadas para a imprensa e nos festivais por onde tem passado. Já faturou prêmios como o de Melhor Atriz para Camila Pitanga no Festival do Rio 2011, Prêmio Itamaraty de Melhor Longa Metragem de Ficção Brasileiro na Mostra Internacional de São Paulo e Prêmio Cólon de Oro de Melhor Longa Metragem no Festival Cine Iberoamericano de Huelva 2011.
O longa conta a história do triângulo amoroso entre Lavínia, uma mulher multifacetada e cheia de mistérios, Cauby, um fotógrafo de passagem pelo interior da Amazônia e Ernani, um engajado pastor da comunidade local.
Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios é a segunda direção conjunta de Beto Brant e Renato Ciasca (Cão Sem Dono foi a outra). Mas eles já são parceiros em sete longas, na maioria das vezes com adaptações do escritor Marçal Aquino, que também participa na elaboração dos roteiros. Aquino relata o seu desprendimento no momento em que concorda com a adaptação de suas obras:
“Nunca tive nenhum tipo de resistência em relação às mudanças na hora de transpor uma história minha do livro para o roteiro. Acho que a experiência literária, individual, solitária, acaba no momento em que coloco um ponto final no livro. A partir daí, existindo interesse na adaptação, todo meu esforço passa a ser no sentido de ajudar a tornar possível aquilo que o diretor está imaginando. Ter desprendimento é indispensável. Afinal, vai sempre preponderar a visão e as concepções de quem enxergou no livro um filme”.
Na adaptação cinematográfica, Beto Brant e Renato Ciasca optaram por algumas mudanças no contexto político para tornar a obra mais atual. O livro tem como pano de fundo os hábitos e a cultura dos garimpeiros, mas Brant justifica por que optaram por retratar o drama do desmatamento:
“É uma questão que está acontecendo neste momento. O garimpo saiu do quadro porque ele foi evento há dez anos atrás. A gente trouxe a história para o presente (…). Nós vimos ali um conflito que estava realmente acontecendo e envolvendo pessoas que defendiam a terra. Não estavam de passagem, como os garimpeiros. Eram nativos, que tinham ancestrais ali, gerações e gerações defendendo a terra, com um desejo de ocupação, não de exploração. Naquele momento, a gente viu que o conflito era atual e que seria muito legal tomar o partido dessas pessoas que têm essa ligação com a terra e estão defendendo o direito ancestral de morar naquele lugar”.
Ao ver o filme, notamos a profunda relação que toda a equipe estabeleceu com o Pará. É um olhar contemplativo e apaixonado que só um viajante tem. Explorar novos estados e conhecer novas culturas é mais uma característica da dupla de diretores que já filmaram nos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
O aspecto mais marcante do filme é a força de Lavínia, interpretada por Camila Pitanga. Marçal Aquino afirma que é a personagem feminina de mais personalidade que já criou. Camila fez um excelente trabalho de pesquisa para compor essa mulher tão complexa e conseguiu a interpretação mais arrebatadora de sua carreira. Ela explica um pouco mais sobre o que entendeu dessa mulher tão cheia de nuances:
“São praticamente quatro Lavínias: a Lavínia que se joga no fogo; a Lavínia-Shirley que não tem medo, que bate na porta do Cauby, que não contém as suas paixões; tem a outra Lavínia que é a missionária, da luta, digamos, mais política, e que verdadeiramente ama aquele pastor; e ainda tem a fase dela antes, no Rio, mais jovem, totalmente desencantada da vida. Depois, ela vive outro embotamento de si mesma. São muitas mulheres”.
O Cinemáticos já conferiu esse belíssimo filme e adianta: vale a pena continuar acompanhando as informações e se deixar levar pela envolvente obra. Na véspera do dia 20 de abril, postaremos a crítica completa do longa. Agora é só esperar e curtir o trailer.